
Sede Alto Petrópolis inaugura exposição Diva Santiago Corrêa - Uma vida dedicada ao esporte
18 de outubro de 2023
Natação, voleibol, basquete, tênis e esgrima foram as atividades esportivas praticadas por Dona Diva, uma atleta que partiu desta vida aos 85 anos, mas que deixou um legado para a história do esporte. A exposição Diva Santiago Corrêa - Uma vida dedicada ao esporte, na sede Alto Petrópolis do Grêmio Náutico União (GNU), rememora os troféus, as medalhas, a tocha olímpica e as conquistas que ficaram para a eternidade.
Na noite desta terça-feira (17), cerca de 100 pessoas, entre elas: marido e filho da homenageada, amigos, Vice-Presidente e Vice-Presidente administrativo financeiro, demais membros da Diretoria Executiva do Clube e admiradores, estiveram presentes na Galeria de Artes (Hall em frente à diretoria) para a cerimônia de abertura da exposição. O local é aberto ao público, e estará disponível para visitação no período de 17 de outubro a 17 de novembro, no horário de funcionamento do clube.

A HISTÓRIA DE DONA DIVA
De uma família de atletas, Diva Santiago ou Dona Diva, como ficou popularmente conhecida, iniciou na natação com nove anos, depois de muita insistência do irmão mais velho. A partir daí, o pai se tornou sócio do GNU, onde Diva e sua irmã Diná começaram a treinar e conquistar a atenção de todos.
Em 1962, convocada para a Seleção Brasileira de Voleibol e para a Seleção Brasileira de Basquete, Diva optou pelo vôlei. Sem conseguir se destacar nas competições nacionais de natação, mesmo com os diversos títulos estaduais, a atleta voltou suas expectativas para a posição de levantadora no time de voleibol, onde foi campeã sul-americana em Santiago do Chile.
“Pra mim, é muito emocionante reviver a história da Diva através da organização dessa exposição, porque eu fui muito amiga dela. Tinham fotografias que me trouxeram lembranças que já tinham saído da minha cabeça”, disse a coordenadora do Museu do GNU e amiga pessoal de Dona Diva, Vera Ione Bottaro Purper, emocionada ao revisitar a história da esportista.
Além das medalhas, Diva foi professora na Escola de Educação Física na UFRGS e ficou conhecida também pela “Quadra da Diva” na praia de Tramandaí. Os dois postes e a rede de vôlei que se encontram no final da Rua 12 de Abril, viraram sensação no veraneio da cidade. Por lá passaram jogadores como Taffarel, Renan, Bernardinho, Marcos Vinícius e Joca.

UNIVERSÍADE
Quando mais nova, Diva também teve a oportunidade de participar e ganhar a Universíade, em 1963. Na equipe brasileira de vôlei faziam parte cinco jogadoras gaúchas, entre elas Diva e a irmã, Diná. Os jogos da Universíade foram no próprio Grêmio Náutico União, onde treinava, e o desfile foi no Estádio Olímpico. Além do título no vôlei, Diva também competiu pela natação, mas não se classificou.
Vera Purper conta que a ideia da exposição surgiu ao perceber que neste ano completam 60 anos que a capital gaúcha recebeu a competição: “Estudando no museu, nós vimos que em 2023 faz 60 anos que aconteceu a Universíade em Porto Alegre, e a Diva foi medalha de ouro nesta edição da Capital. Então, nós achamos que era muito importante mostrar tudo que aconteceu na vida da Diva nesses 60 anos, que nunca abandonou o esporte, além de mostrar para nova geração de esportistas do Grêmio Náutico União a história dela e, quem sabe, eles aprenderem estes valores que a Diva tinha.”, revelou a coordenadora do museu.
Porto Alegre tinha cerca de 720 mil habitantes quando, entre 30 de agosto e 8 de setembro de 1963, sediou a terceira edição dos Jogos Mundiais Universitários, conhecidos como Universíade — realizados pela primeira vez na América Latina. O evento reuniu 713 atletas, de 27 países.
Apesar de não estar preparada para sediar o evento, que só perdia em relevância para a Copa do Mundo e a Olimpíada, a capital gaúcha correu contra o tempo para abrigar a competição. Prova disso foi a construção do Ginásio da Universíade (depois chamado de Ginásio da Brigada Militar) em apenas 92 dias. O espaço, com capacidade para 7 mil espectadores, entregue aos organizadores dois dias antes da abertura dos jogos, foi palco apenas das partidas de basquete. O prédio acabou sendo demolido em 2019.
As provas de esgrima foram realizadas no Armazém D4 do Cais do Porto. O Grêmio Náutico União sediou as modalidades de natação, saltos ornamentais, ginástica artística e vôlei.

A EXPOSIÇÃO
“Desde a primeira vez que eu coloquei meus pés no Grêmio Náutico União, para me candidatar a vaga de museóloga, em que eu conheci a Vera e a Luciana, o nome da Diva Santiago foi o primeiro nome que eu escutei. Quando eu cheguei, o vestido dela estava na sala e eu comentei que ele era muito lindo, e elas me contaram que o vestido era da Dona Diva, que foi uma superatleta, multiesportiva, com uma história incrível e, desde então, o nome Diva Santiago aparece sempre nas nossas conversas e sempre que falávamos dela com outras pessoas, é lembrado de como ela era querida, amiga e uma incentivadora do esporte”, conta Aline Vargas, museóloga do GNU.
Uma das dezenas de itens e acessórios presentes na galeria é a Tocha Olímpica. Diva foi uma das escolhidas pela Prefeitura de Porto Alegre, em 2016, para carregar o instrumento na cidade. Nada mais justo, para a mulher que foi campeã sul-americana e universitária de voleibol, e que ainda teve títulos gaúchos na natação quando era criança. Foi esse espírito que também lhe rendeu o título de Grande Laureada do Grêmio Náutico União (GNU).
A também coordenadora do museu, Luciana Boni Licht, reafirma a importância da exposição para que as pessoas conheçam quem foi Dona Diva em vida: “Nós pensamos nesta exposição como uma forma de homenagear a Diva não apenas como uma homenagem póstuma, mas como uma celebração à alegria dela, à pessoa agregadora que ela sempre foi, à um ícone do esporte”, contou.
O museu do GNU, na sede Alto Petrópolis, passou por uma revitalização na atual gestão para uma retomada das atividades culturais no Clube. O Vice-Presidente cívico-cultural do Grêmio Náutico União, José Bonifácio Mendes Coutinho, conta que além da exposição da Dona Diva, também é possível revisitar a história do Clube no local: “Hoje, nós conseguimos expor uma gama bem grande de documentos, fotos, troféus e lembranças de eventos sociais e culturais, e o nosso projeto é fazermos ainda mais exposições nos próximos meses”, finalizou.
Texto e imagens: Lucas Amaral